O Destino pós-morte de um sacerdote que errou em vida
31-01-2011 14:16
Os desvios das almas que receberam tarefas de natureza religiosa são sempre mais graves. Existem padres que, contrariamente a todas as esperanças do plano espiritual, se entregam completamente ao sentido literal dos ensinamentos da fé. Recebem os títulos sacerdotais, como os médicos sem amor ao trabalho de curar, ou como os advogados sem qualquer espécie de devotamento ao direito. Estimam os interesses imediatos, requisitam as honrarias humanas e, terminada a existência transitória na Crosta Terrestre, se encontram em doloroso fracasso de consciência. Habituados, porém, ao incenso dos altares e a submissão das almas encarnadas, não reconhecem, na maioria das vezes, a própria falência e preferem o encastelamento na revolta lamentável, que os converte em gênios das sombras. Neste particular, devemos reconhecer que semelhante condição, no lado da vida na Crosta, é a de todos os homens e mulheres, de inteligência notável, com primores de cultura terrestre, mas desviados do verdadeiro caminho de elevação moral. Comumente, as pessoas mais sensíveis e cultas criam o mundo que lhes é peculiar e esperam furtar-se à lei de testemunho próprio, no campo das virtudes edificantes. Acostumadas à fácil aquisição de vantagens convencionais na Crosta, pretendem resolver, depois da perda do corpo físico, os problemas espirituais pelo mesmo processo, e, encontrando tão-somente a Lei, que manda conceder a cada um segundo as suas obras, não raro agravam a situação, internando-se no escuro país do desespero, onde se reúnem a inúmeras companhias da mesma espécie. Dentre as criaturas dessa ordem, sobressai a elevada percentagem dos ministros de várias religiões. Referindo-nos apenas as escolas cristãs, verificamos que a maioria não pondera a exemplificação do próprio Mestre Divino. Cerram os olhos e ouvidos aos sacrifícios apostólicos. Simão Pedro, João Evangelista, Paulo de Tarso, representam para eles figuras demasiadamente distantes. Apegam-se às decisões meramente convencionais dos concílios, estudam apenas os livros eclesiásticos e querem resolver todas as transcendentes questões da alma através de programas absurdos, de dominação pelo culto exterior. Erguem basílicas suntuosas, olvidando o templo vivo do próprio espírito; homenageiam o Senhor como os orgulhosos romanos reverenciavam a estátua de Júpiter, tentando subornar o poder celeste pela grandeza material das oferendas. Mas ai! esquecem o coração humano, menosprezam o espírito de humanidade, ignoram as aflições do povo, a quem foram mandados servir. E, cegos aos próprios desvarios, ainda aguardam um Céu fantástico que lhes entronize a vaidade criminosa e a ociosidade cruel.
Para estes, a morte do corpo é um acontecimento terrível. Alguns enfrentam, corajosos, a desilusão necessária e proveitosa para caminhar em direção ao aprendizado. A maioria, porém, fugindo ao doloroso processo de readaptação à realidade, precipita-se nos campos inferiores da inconformação presunçosa, organizando perigosos agrupamentos de almas rebeladas, com os quais os espíritos de luz, evoluídos pela aprendizagem, têm que lutar por sua vez, para orientarem e ajudar estas almas atormentadas a mudar o seu destino de sofredores. Quase todas as escolas religiosas falam do inferno de penas angustiosas e horríveis, onde os condenados experimentam torturas eternas. São raras, todavia, as que ensinam a verdade da queda consciencial dentro de nós mesmos, esclarecendo que o plano infernal e a expressão diabólica encontram início na esfera interior de nossas próprias almas.
Livro “ Missionários da Luz- A Vida no Mundo Espiritual”.
Francisco Cândido Xavier
Pelo Espírito André Luiz